POR QUE É NECESSÁRIO FORMAR PROFISSIONAIS.
Artigo Comat - Qualificação profissional
Artigo da Comat/Sinduscon-DF
Dionyzio A. M. Klavdianos - Presidente da Comat
Matérias publicadas nos jornais de maior circulação no país deram destaque à falta de mão de obra e a baixa qualificação da mesma como principal gargalo para manutenção do crescimento do setor.
Segundo a Folha de S. Paulo de 28 de abril de 2011, pesquisa divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil) mostra que “nove entre cada dez empresas passam pelo problema... 89% das construtoras pesquisadas afirmaram que a falta de trabalhador qualificado é um problema para o andamento das obras. Dessas, 94% declararam ter dificuldades de encontrar profissionais para exercer atividades básicas, como pedreiros e serventes... 92% das construtoras faltam trabalhadores para cargos técnicos, como encarregados e mestres de obras. Para atividades especializadas, como engenheiros e arquitetos, 81% assinalaram o problema”.
O reflexo no cronograma das obras é imediato, segundo o Estadão de 25 de abril de 2011. “Levantamento feito a pedido do Estado de São Paulo pela Empresa Brasileira de Estudos do patrimônio (Embraesp) mostra que, no primeiro trimestre de 2007, 25% dos empreendimentos lançados na Grande São Paulo tinham prazo de entrega entre 30 e 45 meses, o máximo praticado no setor. Entre janeiro e março de 2011, esse já era estabelecido para 40% dos lançamentos. Até então, a maioria dos imóveis eram entregues em até 15 meses”.
A verdade é que o surto de crescimento do setor veio assim como uma tromba d água, ninguém esperava tanta intensidade. Como afirmou o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, em matéria assinada pela colunista Miriam Leitão no jornal O Globo de 30 de abril. “O Setor passou a andar rápido demais... Então quando as amarras se soltaram foi forte demais num primeiro momento. Há gargalo de mão de obra, terrenos, burocracia, acúmulo de problemas nos cartórios.”
Numa cesta tão variada de gargalos permaneçamos naquele que parece ser a unanimidade, como relatado pelo diretor de RI da Brookfield, Alexandre Dinkelmann, na matéria do Globo; “O principal desafio, a meu ver, está na mão de obra, principalmente a semi qualificada, como pintores, carpinteiros, bombeiros.” Desabafo ao qual faz coro na matéria do Estadão, Jose Paim de Andrade Junior, presidente da Incorporadora Max Cap de São Paulo; “Estamos trabalhando com uma mão de obra menos qualificada e, portanto, menos produtiva”, lamentando um atraso superior a três meses em 70% dos seus 40 canteiros com obras em andamento.
70% de atraso por culpa do peão!
Ainda bem que matéria publicada no Valor Econômico de 27 de abril de 2011 dá conta que o governo acordou para o problema e “prepara uma reação para minimizar o problema da escassez de mão de obra na construção civil. Uma ação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego vai ampliar a oferta de cursos para a qualificação profissional no setor. O plano, conforme apurou o Valor, é aumentar a oferta de trabalhadores que atuam na base da pirâmide do setor, oferecendo cursos básicos para profissões como pedreiro, armador, ajudante de obra, mestre de obra e carpinteiro, entre outros.”
“Até junho, o ministério quer lançar um novo programa de formação para construção civil com 25 mil vagas. As aulas serão dadas por várias organizações de ensino técnico espalhadas pelo país. Em maio, o projeto, que tem custo estimado em R$ 25 milhões, passará por uma audiência pública. Os recursos usados saem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)”, termina a matéria.
25 mil vagas parecem pingos de água no oceano, afinal a própria matéria explicita a demanda necessária, o volume atual de obras em andamento no país exige, segundo cálculos do ministério, a formação de 500 mil profissionais. "Nossa demanda imediata é de meio milhão de vagas. Estamos longe disso, mas há muitas iniciativas em andamento", diz Ana Paula da Silva, diretora de qualificação do ministério.
A pressa de hoje é consequência do descaso prévio, “A situação atual é resultado da baixa atenção dada pelo governo nos últimos anos para a formação de profissionais, problema alargado com o aumento recorde de obras no país.”
O que não se compreende é que embora os números do próprio governo mostrem o crescimento vertiginoso do setor nos últimos três anos, o número de vagas oferecidas para treinamento técnico reduziu no mesmo período, “Os dados de cursos de qualificação realizados pelo ministério apontam que o governo executou 628 mil treinamentos em construção civil entre 2005 e 2010. Nesse período, o investimento total aplicado nesses treinamentos atingiu R$ 337,2 milhões. O pico foi atingido em 2008, quando 141 mil vagas foram preenchidas, com custo de R$ 89 milhões. De lá para cá, porém, o volume anual de cursos oferecidos caiu. Em 2009, o número de aulas foi reduzido para 94 mil. Em 2010, foram apenas 60 mil.”
O pior é que parece que gastamos mal o dinheiro com o trabalhador privilegiando quem não trabalha em detrimento dos que querem produzir, segundo matéria publicada no Valor de 26 de abril de 2011 “Para cada R$ 100 gastos com o seguro-desemprego, o governo federal usa apenas R$ 1 em programas de qualificação de mão de obra. Nos Estados Unidos, para cada US$ 100 gastos com os benefícios aos desempregados, o governo de Barack Obama investiu US$ 11,25 em qualificação no ano passado. Esta comparação diz respeito ao universo laboral no Brasil, é possível que no setor da construção civil a comparação seja ainda pior.”
Analistas de todo o mundo afirmam que o Brasil apenas começa a crescer e, portanto, ainda há tempo de tratar de forma mais responsável a questão da qualificação profissional na construção civil, todavia mais do que meramente investir em capacitação "É preciso reconhecer que há um problema de precarização do setor.
Falta um plano de carreira, alguma projeção de ascensão para o trabalhador. São situações que temos de resolver", diz Ana Paula. Até hoje a construção civil, com a conivência de todos que nela atuam, serviu como depositário de mão de obra despreparada e sem condições de atuação em outros setores mais evoluídos, já é chegada a hora de mudarmos esta imagem
Segundo a Folha de S. Paulo de 28 de abril de 2011, pesquisa divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil) mostra que “nove entre cada dez empresas passam pelo problema... 89% das construtoras pesquisadas afirmaram que a falta de trabalhador qualificado é um problema para o andamento das obras. Dessas, 94% declararam ter dificuldades de encontrar profissionais para exercer atividades básicas, como pedreiros e serventes... 92% das construtoras faltam trabalhadores para cargos técnicos, como encarregados e mestres de obras. Para atividades especializadas, como engenheiros e arquitetos, 81% assinalaram o problema”.
O reflexo no cronograma das obras é imediato, segundo o Estadão de 25 de abril de 2011. “Levantamento feito a pedido do Estado de São Paulo pela Empresa Brasileira de Estudos do patrimônio (Embraesp) mostra que, no primeiro trimestre de 2007, 25% dos empreendimentos lançados na Grande São Paulo tinham prazo de entrega entre 30 e 45 meses, o máximo praticado no setor. Entre janeiro e março de 2011, esse já era estabelecido para 40% dos lançamentos. Até então, a maioria dos imóveis eram entregues em até 15 meses”.
A verdade é que o surto de crescimento do setor veio assim como uma tromba d água, ninguém esperava tanta intensidade. Como afirmou o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, em matéria assinada pela colunista Miriam Leitão no jornal O Globo de 30 de abril. “O Setor passou a andar rápido demais... Então quando as amarras se soltaram foi forte demais num primeiro momento. Há gargalo de mão de obra, terrenos, burocracia, acúmulo de problemas nos cartórios.”
Numa cesta tão variada de gargalos permaneçamos naquele que parece ser a unanimidade, como relatado pelo diretor de RI da Brookfield, Alexandre Dinkelmann, na matéria do Globo; “O principal desafio, a meu ver, está na mão de obra, principalmente a semi qualificada, como pintores, carpinteiros, bombeiros.” Desabafo ao qual faz coro na matéria do Estadão, Jose Paim de Andrade Junior, presidente da Incorporadora Max Cap de São Paulo; “Estamos trabalhando com uma mão de obra menos qualificada e, portanto, menos produtiva”, lamentando um atraso superior a três meses em 70% dos seus 40 canteiros com obras em andamento.
70% de atraso por culpa do peão!
Ainda bem que matéria publicada no Valor Econômico de 27 de abril de 2011 dá conta que o governo acordou para o problema e “prepara uma reação para minimizar o problema da escassez de mão de obra na construção civil. Uma ação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego vai ampliar a oferta de cursos para a qualificação profissional no setor. O plano, conforme apurou o Valor, é aumentar a oferta de trabalhadores que atuam na base da pirâmide do setor, oferecendo cursos básicos para profissões como pedreiro, armador, ajudante de obra, mestre de obra e carpinteiro, entre outros.”
“Até junho, o ministério quer lançar um novo programa de formação para construção civil com 25 mil vagas. As aulas serão dadas por várias organizações de ensino técnico espalhadas pelo país. Em maio, o projeto, que tem custo estimado em R$ 25 milhões, passará por uma audiência pública. Os recursos usados saem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)”, termina a matéria.
25 mil vagas parecem pingos de água no oceano, afinal a própria matéria explicita a demanda necessária, o volume atual de obras em andamento no país exige, segundo cálculos do ministério, a formação de 500 mil profissionais. "Nossa demanda imediata é de meio milhão de vagas. Estamos longe disso, mas há muitas iniciativas em andamento", diz Ana Paula da Silva, diretora de qualificação do ministério.
A pressa de hoje é consequência do descaso prévio, “A situação atual é resultado da baixa atenção dada pelo governo nos últimos anos para a formação de profissionais, problema alargado com o aumento recorde de obras no país.”
O que não se compreende é que embora os números do próprio governo mostrem o crescimento vertiginoso do setor nos últimos três anos, o número de vagas oferecidas para treinamento técnico reduziu no mesmo período, “Os dados de cursos de qualificação realizados pelo ministério apontam que o governo executou 628 mil treinamentos em construção civil entre 2005 e 2010. Nesse período, o investimento total aplicado nesses treinamentos atingiu R$ 337,2 milhões. O pico foi atingido em 2008, quando 141 mil vagas foram preenchidas, com custo de R$ 89 milhões. De lá para cá, porém, o volume anual de cursos oferecidos caiu. Em 2009, o número de aulas foi reduzido para 94 mil. Em 2010, foram apenas 60 mil.”
O pior é que parece que gastamos mal o dinheiro com o trabalhador privilegiando quem não trabalha em detrimento dos que querem produzir, segundo matéria publicada no Valor de 26 de abril de 2011 “Para cada R$ 100 gastos com o seguro-desemprego, o governo federal usa apenas R$ 1 em programas de qualificação de mão de obra. Nos Estados Unidos, para cada US$ 100 gastos com os benefícios aos desempregados, o governo de Barack Obama investiu US$ 11,25 em qualificação no ano passado. Esta comparação diz respeito ao universo laboral no Brasil, é possível que no setor da construção civil a comparação seja ainda pior.”
Analistas de todo o mundo afirmam que o Brasil apenas começa a crescer e, portanto, ainda há tempo de tratar de forma mais responsável a questão da qualificação profissional na construção civil, todavia mais do que meramente investir em capacitação "É preciso reconhecer que há um problema de precarização do setor.
Falta um plano de carreira, alguma projeção de ascensão para o trabalhador. São situações que temos de resolver", diz Ana Paula. Até hoje a construção civil, com a conivência de todos que nela atuam, serviu como depositário de mão de obra despreparada e sem condições de atuação em outros setores mais evoluídos, já é chegada a hora de mudarmos esta imagem
Não só na àrea de construção que precisa de qualificação, porém, é muito importante que tenha um investimento voltado a formação profissional nesta àrea, pois é onde se concentra o maior numero de profissionais desqualificados e semi-analfabetos.
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